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Incerteza global leva o dólar para R$ 2,43
A expectativa sobre a decisão do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, de reduzir a injeção mensal de recursos na economia mexeu com os principais mercados globais ontem. No Brasil, o corte dos estímulos para US$ 65 bilhões, embora já esperado, manteve o dólar em alta pelo terceiro dia consecutivo. A divisa chegou a ser negociada acima de R$ 2,45 durante o pregão, mas terminou fechando a R$ 2,437, com avanço de 0,41% em relação à sessão anterior.
A forte volatilidade dos negócios levou muitos investidores a testar o Banco Central para saber até que ponto a autoridade monetária permitirá o fortalecimento da divisa norte-americana. Em 22 de agosto do ano passado, quando a cotação chegou aos R$ 2,438, o BC deu início à política de venda diária de dólares no mercado futuro, mantida até hoje. Desde então, se não conseguiu interromper a tendência de alta do câmbio, a estratégia evitou que o real entrasse em queda livre.
Desta vez, com o ambiente de negócios contaminado também pelas dificuldades enfrentadas por vários países emergentes, o nervosismo voltou com toda a força. Por conta disso, no fim da tarde, o BC anunciou que fará amanhã um leilão para renovar o vencimento de contratos de câmbio no valor de US$ 2,3 bilhões. O montante é o dobro do que a autoridade monetária costumava rolar em operações desse tipo feitas no ano passado. Pela manhã, como previsto, o BC vendeu o equivalente a US$ 197,2 milhões por meio dos cotidianos contratos de swap cambial.
Para analistas, o dólar deve continuar sob pressão de alta. "Com as notícias fracas sobre o cenário interno, somadas à ansiedade com o Fed, o pessoal já se prepara para o pior cenário", afirmou o gerente de Câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo. "Além disso, especula-se sobre em que momento o BC vai intervir (mais) para conter a alta do dólar", acrescentou. "Os investidores estão testando o governo. Se o dólar continuar subindo tanto, ele vai precisar entrar mais no mercado", ressaltou o superintendente de Câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
As oscilações da sessão de ontem foram acentuadas ainda pela disputa entre investidores antes da formação da Ptax de janeiro — taxa calculada pelo BC no último pregão do mês que serve de referência para diversos contratos cambiais. "A briga pela Ptax deixa o mercado muito volátil" afirmou o operador de Câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.
Bovespa cai
A ansiedade com a decisão do Fed e com os efeitos sobre os emergentes também afetou os mercados de ações . No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) fechou em queda de 0,59%, com o Ibovespa, principal termômetro do pregão, recuando para 47.556 pontos. O indicador chegou a cair 1%, mas os papéis da Vale e de outras exportadoras frearam as perdas. As preferenciais da mineradora subiram 3,74%, a maior alta desde 14 de outubro.
Na Europa, a Bolsa de Londres caiu 0,43%, a de Paris recuou 0,68% e a de Frankfurt, 0,75%. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve queda de 1,19%, e fechou no menor patamar desde 7 de novembro.
Papéis da Petrobras recuam 10% no mês
As ações da maior empresa brasileira não estão em um bom momento. Ontem, após queda de 1,66%, as preferenciais da Petrobras bateram os R$ 14,80, a menor cotação desde 5 de dezembro de 2008. As ordinárias, por sua vez, recuaram 1,93% e chegaram aos R$ 13,75. No mês, os papéis da empresa acumulam perdas superiores a 10%. A companhia vive um momento de desconfiança nacional e internacional em relação às suas finanças.